Entenda como é possível fazer uma proteção patrimonial

Advogada Andressa – Especialista em Direito da Família

A proteção patrimonial é um conceito importante para indivíduos e empresas que desejam salvaguardar seus bens e ativos contra possíveis ameaças, como litígios judiciais, credores ou outras situações de risco. 

No Brasil, assim como em outros países, existem várias estratégias legais e mecanismos que permitem a proteção patrimonial de maneira adequada e ética. 

Abordaremos aqui as principais opções disponíveis e as considerações necessárias ao implementar essas medidas.

 

Empresas e Holdings para proteção patrimonial

A criação de uma pessoa jurídica, como uma empresa ou uma holding, é uma das estratégias mais utilizadas para a proteção patrimonial no Brasil. Essas entidades jurídicas permitem a separação do patrimônio pessoal dos sócios ou acionistas do patrimônio da empresa, conferindo maior segurança aos bens e ativos individuais.

As empresas são uma das formas mais comuns de estruturar negócios e atividades comerciais. Ao constituir uma empresa, o empresário ou empreendedor separa os ativos da pessoa física dos ativos da pessoa jurídica. Em caso de problemas financeiros ou litígios, os bens pessoais do sócio ou proprietário não estão diretamente sujeitos a riscos associados às obrigações da empresa.

As holdings são empresas criadas com o propósito específico de deter ações ou quotas de outras empresas, sejam elas subsidiárias ou coligadas. Essa estrutura é comumente utilizada em processos de sucessão familiar, planejamento tributário e proteção patrimonial.

Uma holding familiar, por exemplo, pode concentrar o controle acionário ou a propriedade de bens e ativos do núcleo familiar, evitando que estes fiquem dispersos entre os membros da família. Dessa forma, a holding se torna uma espécie de “guardiã” do patrimônio, gerenciando-o de forma mais eficiente e garantindo que seja preservado ao longo das gerações.

Outro tipo de holding é a holding patrimonial, que é criada com o objetivo específico de gerir o patrimônio de um indivíduo ou família, buscando proteger os ativos e possibilitar a sua gestão de maneira mais profissional e estratégica. Essa abordagem é especialmente relevante para fortunas substanciais ou para aqueles que buscam uma estrutura mais complexa e personalizada.

É fundamental ressaltar que, apesar das vantagens proporcionadas pela criação de empresas e holdings, a utilização dessas estruturas deve ser realizada de forma lícita e ética. 

Entenda como é possível fazer uma proteção patrimonial

Separação de Bens em Casamentos e Uniões Estáveis

A escolha do regime de bens é uma decisão importante para casais que desejam proteger seus patrimônios em caso de dissolução do relacionamento, seja por divórcio ou término da união estável. 

No Brasil, existem diferentes regimes de bens que podem ser adotados, cada um com suas características específicas. O regime de separação de bens é um dos mais comuns e utilizados para fins de proteção patrimonial. Vamos explorar mais sobre esse regime e suas particularidades:

Regime de Comunhão Parcial de Bens: O regime de comunhão parcial de bens é o regime legal padrão para casais que não escolhem outro regime no momento do casamento ou da união estável. 

Nesse regime, os bens adquiridos antes do casamento e os bens recebidos por doação ou herança durante a união não são compartilhados entre os cônjuges. No entanto, os bens adquiridos após o casamento e as dívidas contraídas durante a união são considerados bens comuns, sujeitos a partilha em caso de divórcio ou dissolução da união estável.

Regime de Separação Total de Bens: No regime de separação total de bens, não há comunicação patrimonial entre os cônjuges, nem mesmo em relação aos bens adquiridos após o casamento ou união estável. 

Cada cônjuge mantém a propriedade e administração dos seus bens individualmente, o que significa que não há partilha de bens em caso de divórcio ou dissolução da união. Esse regime é visto como uma forma eficaz de proteger o patrimônio individual de cada cônjuge, pois os bens de um não podem ser alcançados por credores do outro.

Regime de Participação Final nos Aquestos: O regime de participação final nos aquestos é uma combinação do regime de comunhão parcial de bens com o regime de separação total de bens. 

Consulte informações detalhadas sobre cada regime em nossa postagem dedicada ao assunto “Entenda quais são os tipos de regime de bens”.

Entenda como é possível fazer uma proteção patrimonial

Blindagem Judicial

A blindagem judicial é uma estratégia utilizada para proteger o patrimônio de indivíduos e empresas contra possíveis riscos legais, como processos judiciais, execuções fiscais e credores. 

Essa prática busca garantir que, em caso de litígios ou demandas judiciais, os ativos estejam resguardados e não sejam facilmente alcançados por eventuais decisões judiciais desfavoráveis. 

Vale ressaltar que a blindagem judicial deve ser realizada de maneira ética e dentro dos limites da lei, evitando qualquer forma de fraude ou evasão fiscal.

  1. a) Utilização de Empresas Intermediárias: A criação de empresas intermediárias é uma tática comum para separar o patrimônio pessoal do patrimônio empresarial. Ao possuir uma empresa que detém os bens e ativos, o indivíduo consegue reduzir os riscos de uma potencial ação judicial atingir diretamente seus bens pessoais. 
  2. b) Constituição de Holdings Patrimoniais: Como mencionado anteriormente, a constituição de holdings patrimoniais é outra opção que permite uma melhor organização e proteção dos ativos. 
  3. c) Uso de Fundações e Trustes: Fundação é uma entidade sem fins lucrativos, enquanto truste é um instrumento legal de planejamento financeiro, no qual os ativos são administrados por um terceiro (trustee) em benefício de terceiros (beneficiários). Ambas as estruturas podem ser usadas para proteção patrimonial, desde que criadas e gerenciadas de acordo com a legislação vigente. 
  4. d) Seguro de Responsabilidade Civil: A contratação de um seguro de responsabilidade civil é outra medida que pode ajudar a proteger o patrimônio contra ações judiciais. Esse tipo de seguro cobre os custos de eventuais processos e indenizações, fornecendo uma camada adicional de proteção financeira em caso de litígios.
  5. e) Planejamento Sucessório: O planejamento sucessório é uma estratégia que visa garantir a transferência adequada do patrimônio para herdeiros ou sucessores, minimizando a carga tributária e possíveis disputas familiares. Através de testamentos, doações, usufrutos e outras ferramentas jurídicas, é possível proteger o patrimônio e garantir que ele seja transmitido de acordo com os desejos do proprietário.

 

Embora a proteção patrimonial seja legítima e legal, é crucial ressaltar que ela não deve ser utilizada como uma forma de sonegar impostos ou de prejudicar terceiros de maneira indevida. É importante buscar assessoria jurídica especializada para garantir que todas as estratégias adotadas estejam em conformidade com a legislação e sejam eticamente justificáveis.

Além disso, é fundamental que o planejamento patrimonial seja realizado com antecedência e de forma transparente. Tentativas de proteger bens durante ou após a ocorrência de disputas ou processos judiciais podem ser vistas como fraude e resultar em consequências legais graves.

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